Contam que um distinto senhor de terras e de gado costumava viajar para vender seus produtos na cidade de Ozama. Ao partir para uma dessas viagens, suas filhas lhe fizeram suas costumeiras encomendas: a mais velha, moça vaidosa e extrovertida, pediu-lhe vestidos, adornos e material de costura; a mais nova, jovem compenetrada, simples e pie-dosa, encomendou-lhe uma imagem de Nossa Senhora de Altagrácia. O pai ficou encabulado, pois ninguém jamais ouvira tal invocação da Virgem Maria.
Já de volta para casa, o comerciante não conseguira encontrar a encomenda da filha mais nova. Parando em uma pousada na cidade de Los Dos Ríos, o pai desapontado lamentava-se com um seu amigo de viagem por não poder atender ao pedido da filha.
Certo velhinho que ouvia sua conversa interrompeu-os dizendo: "Como não conhecem Altagrácia? Eu a trago comigo". E, tirando do bolso um pergaminho e pincéis, desenhou a imagem da Virgem: era Maria adorando um recém-nascido, tendo atrás de si São José, que trazia nas mãos uma vela acesa. O velhinho entregou essa imagem ao pai e no dia seguinte desapareceu.
Já em casa, na pequena cidade de Higuey, sob uma laranjeira, que resiste até hoje através dos séculos, o pai entregou à filha o retrato de Nossa Senhora de Altagrácia. Ali mesmo foi construída uma pequena capela que deu origem ao atual Santuário de Higuey, dedicado à padroeira da República Dominicana. Sua festa é celebrada no dia 21 de Janeiro.